AP Entrevista: Flávio Saretta


Publicado em: 1/8/2021

Confira a entrevista completa com Flávio Saretta, um dos All-Stars do AP.

 

Um dos dez maiores tenistas brasileiros da Era Aberta, o atual comentarista da BandSports conquistou o ATP 250 em 2004. 

 

Para você, qual foi o grande momento da sua carreira?

A vida de profissional tem muitas histórias. Cada semana é um campeonato. As oitavas de final de Roland Garros, para mim, foram muito legais, ganhando do Yevgeny Kafelnikov em uma quadra central, em um jogo de quase cinco horas, depois perdendo para o Andre Agassi. É claro que o Pan-Americano também foi muito legal. Houve outros torneios que às vezes eu nem ganhei, mas me senti jogando muito bem e ganhando de caras que foram o nº 1 do mundo ou estiveram entre os dez melhores do mundo. Não se resume apenas em títulos, mas em bons momentos.

 

 

 

 

Como foi a transição de jogador para comentarista?

Foi muito natural. Parei de jogar por uma fratura no cotovelo, então eu não consegui planejar o fim da minha carreira. Não tive um torneio, um jogo de despedida. Eu entrei no meio da mídia falando de futebol, na rádio Bradesco FM, do Grupo Bandeirantes, apresentando um programa matinal. Depois de um ano, a Band comprou os direitos de Roland Garros e me chamaram para comentar. Hoje, a rádio já não existe mais, mas continuo no Band Sports apresentando o Ace Band Sports, o único programa de tênis na televisão brasileira, de que eu gosto muito e tenho orgulho de fazer parte. Foi uma transição meio diferente porque não fui para a televisão para falar de tênis inicialmente, mas que hoje eu tenho a oportunidade de falar.

 

O que você tenta passar para os participantes de suas clínicas?

Eu acredito que o tênis é um esporte que agrega muito. É um nicho pequeno, não são muitas pessoas que jogam, mas que são muito unidas e fiéis ao esporte. O tênis mexe com a gente ─ com concentração, com a autoestima ─ por ser um esporte individual, no qual você tem que se superar, é um esporte que desafia muito. E por ser um esporte que pratiquei a vida inteira de maneira competitiva, e nunca como diversão, eu sei o lado duro dele. Então, a clínica serve mais para mostrar que o tênis é um esporte no qual pode-se divertir muito. Você só precisa de mais uma pessoa do outro lado, é um esporte que machuca pouco, possibilitando uma duração da vida inteira para jogar. É um esporte muito democrático que você pode jogar com um cara muito mais velho do outro lado, se estiverem no mesmo nível. É um esporte que une muito a família: é o pai jogando com o filho, a mulher jogando com o marido, não tem como não trazer um lado legal disso. Assim, as clínicas que eu faço são para mostrar que o tênis pode ser divertido. Não é o que a gente vê na televisão, valendo dinheiro e ranking. O tênis tem o lado de quem o pratica por hobby. E para quem quer se divertir, como o pessoal aqui do Clube, quanto mais simples for o esporte, mais eles vão jogar a bola para o outro lado e mais vão se divertir.

 

Como você vê o atual momento brasileiro no tênis?

O tênis infelizmente é um esporte em que falta muito planejamento no Brasil. Se você vir a minha geração e as passadas, todos que jogaram bem foram pelo próprio talento, não porque alguém planejou a nossa carreira. Infelizmente, o Brasil ainda está nessa pegada de achar que está fazendo alguma coisa. Isso me assusta muito porque nós temos muita molecada que gosta de jogar, mas faltam torneios, incentivo e qualidade em todos os sentidos.