AP Entrevista: Guilherme Prata


Publicado em: 1/8/2021

Confira a entrevista completa com Guilherme Prata, um dos All-Starts do AP61.

 

Guilherme Prata é considerado um dos melhores atletas da história do beach tennis. Não por acaso, venceu o Mundial por equipes em 2013. 

 

 

Como é ser considerado um dos maiores atletas da história do beach tennis?

Primeiramente, agradeço pela comparação. Sou um bom jogador, mas tem muita gente que foi e é melhor do que eu. Ajudei bastante o beach tennis no começo, representando nosso país em copas do mundo e outras competições internacionais. Pude mostrar às pessoas que um cara baixinho e barrigudinho como eu podia ser um cara forte no beach tennis. Isso ajudou muita gente a ver o esporte como uma possibilidade nova de atividade física. Sou muito grato às pessoas que me ajudaram a chegar aonde cheguei, como jogador, onde estou hoje como técnico ou professor. O beach tennis concretizou um sonho que eu tinha.

 

Você e o Vini Font fizeram uma das principais duplas da história do esporte. Como foi protagonizar as disputas com ele?

Primeiramente, eu tenho que falar que o Vini é um gênio. Na minha humilde opinião, ele é o maior jogador de beach tennis que o Brasil já teve. A gente deu muita sorte, alguma coisa lá em cima nos ajudou a estar juntos e viver o momento que a gente viveu quando jogamos um com o outro por três anos e meio no circuito mundial. Nós conseguimos algo fascinante, que foi o respeito mundial e, assim, abrir as portas do beach tennis nacional para o mundo com muita qualidade. Ao lado da Joanna e da Samantha, nós viajamos e desbravamos o mundo. O Vini e eu vivemos momentos mágicos. Ele foi o número do mundo, eu fui o número oito. Se eu fosse descrever em apenas uma expressão, foi um sonho realizado.

 

Para você, qual foi o grande momento da sua carreira?

É difícil escolher um só. Três me vêm à cabeça. O primeiro foi da final em Aruba, em 2010. Com esse resultado, viramos uma dupla top 15 no mundo e, dois anos depois, tivemos a oportunidade de jogar a Copa do Mundo por equipes, na Rússia. Nós não ganhamos o campeonato, mas quando conseguimos passar da semifinal, nos tornamos top 10 do mundo. Eu acho até que fomos os dois primeiros não italianos a alcançar esse feito. Foi uma marca que hoje em dia as pessoas não levam tanto em consideração, pois, desde então, tivemos top 1 do mundo, mas a história é importante.

A vitória na Copa do Mundo em 2013, devido ao histórico – a gente não ia para a Copa porque o custo da viagem seria pago pela confederação e no último momento eles falaram que não pagariam –, por todo o enredo, e conseguir ganhar da Itália num cenário mundial, foi, junto com os outros dois já citados, muito forte. Tem muitos legais, mas esses três se destacam.

 

 

 

 

O beach tennis é um dos esportes que mais cresce no Brasil. A que você atribui esse crescimento?

Para mim, o beach tennis é o esporte mais democrático que existe. Quando eu falo democrático, quero dizer socioeconomicamente, fisicamente, etariamente, etc. Eu atribuiria isso a essa característica do beach tennis de ser tão democrático, eclético e fácil de se praticar em todas as idades, por todos os portes físicos, classes econômicas, terrenos – você pode jogar beach tennis na grama ou no asfalto, por exemplo. O beach tennis atende a todos e abre as portas para uma nova maneira de se praticar atividades físicas que não tínhamos até 2008.

 

Para quem pratica o tênis, é muito difícil migrar para o beach tennis?

Quem vem do tênis tem algumas dificuldades, mas tem também algumas facilidades. É importante a gente dizer isso. A pessoa que vem do tênis já tem uma familiaridade com a raquete, com os voleios, etc. São jogos diferentes? Com certeza. As maiores dificuldades para quem vem do tênis são: primeiro, esse hábito de cruzar a bola que, para o beach tennis, em determinadas situações, não é produtivo. A segunda é o ponto de impacto. As pessoas têm uma tendência um pouquinho mais atrasada quando vêm do tênis e têm que fazer esse ajuste. Muitos conseguem, outros nem tanto, mas o beach tennis conseguiu quebrar barreiras e preconceitos. Muitas pessoas, quando eu convidei para jogar beach tennis, lá no começo, diziam que não tinha nada a ver. Três, quatro anos depois, estavam me ligando perguntando onde que compravam o material para jogar. Quando o tenista começou a jogar o beach tennis, aumentou o volume tanto de gente jogando quanto de networking, e isso ajudou demais o esporte a crescer em nível nacional.

Mas as diferenças são essas. O beach tennis é um jogo mais paralelo, não se joga tantas bolas cruzadas, são movimentos mais curtos e enxutos e, obviamente, o fato de a bola não quicar.